Algo que deve ser indispensável na ajuda à construção do conhecimento de leitura e escrita é a participação dos pais. Não deve caber única e exclusivamente à professora a tarefa de alfabetizar as crianças. É necessária a interação dos responsáveis com o que e como acontece este processo tão intenso na vida de seus filhos. Pensando nisso, colocarei um artigo que pesquisei na internet que fala sobre alguns aspectos dessa questão.
Interesses e dificuldades dos pais na alfabetização dos filhos
Eliane Porto Di Nucci
Universidade São Francisco
RESUMO
participação na alfabetização de seus filhos foi o principal objetivo deste estudo. Foram sujeitos desta pesquisa 25 mães de crianças em pré-escola e 1ª série de uma escola particular. Foi utilizado um questionário com duas perguntas sobre os interesses e as dificuldades dos sujeitos e sobre a disponibilidade de tempo neste contexto. Os resultados mostraram que os sujeitos parecem estar dispostos a participar mais efetivamente desse processo em casa e em parceria com a escola. Os interesses parecem estar voltados à evolução da escrita na criança e aos métodos de alfabetização. As dificuldades apareceram em relação às condutas diante da aprendizagem da criança.
Palavras-chave: Alfabetização, Pais e escola, Participação de pais.
Introdução
O universo familiar e suas relações no processo educacional constituem um campo pouco estudado, mas muito importante para o desenvolvimento e aprendizagem da criança. No caso da alfabetização, por exemplo, há alguns aspectos a serem considerados: o primeiro está relacionado com a criança. Pode-se entender que o fato de estar ou não preparada para a alfabetização de acordo com as condições necessárias de desenvolvimento geral é uma condição importante para o sucesso dessa aprendizagem (Schwartzman, 1992). O segundo aspecto refere-se ao contexto familiar, em suas relações com as crianças, no sentido amplo de educação e de aprendizagem (Miranda, 1992). Além da criança e do contexto familiar é importante considerar também as relações da família com a escola diante da alfabetização da criança, pois essa interação não é neutra neste contexto (Canedo, 1993; Morrow, Tracey e Maxwell, 1995).
Tais relações funcionam como forte influente neste processo. Discute-se, com certa freqüência, o grau de envolvimento e acompanhamento dos pais como fator importante na aprendizagem da criança (Guzzo, 1990; Amm e Juan, 1994; Anderson, 1995).
Teoricamente, não se contesta que a criança inicia o processo de alfabetização através de atividades da vida diária, a partir do uso de materiais escritos, juntamente com figurativos, disponíveis na casa (Castanheira, 1992). Já se efetuaram trabalhos que visavam à caracterização dos usos da escrita pela família como modelos ou condições de estimulação da criança, aproximando-a desses materiais. Através de investigações longitudinais feitas por diversos grupos de pesquisadores (Heath, 1982; Anderson e Teale, 1987; Wood 1987 apud Pereira e Albuquerque, 1994) verificou-se que há diferenças na relação da criança com o processo de aprendizagem, principalmente no que tange à escrita, decorrentes do ambiente no qual está inserida. Tais diferenças parecem existir, em princípio, de acordo com o contexto familiar, isto é, este determinaria em grande parte como a criança estabelece relações com diferentes objetos propícios à alfabetização, e também interferiria na natureza e qualidade de sua interação com os pais.
Estas constatações acabam não só confirmando a responsabilidade da família na aprendizagem de suas crianças, mas também ampliando o conceito de alfabetização em si, que deixa de ser domínio exclusivo da escola, para acontecer também no cotidiano do lar, no seio de relações de outra natureza que aquelas formais estabelecidas em uma instituição educacional.
Assim, ao interagir em casa nas mais diversas situações com os filhos, os pais podem oferecer objetos e condições que favoreçam a aprendizagem da criança, quando acreditam que fazem parte deste processo. O espaço que os pais identificam como contribuidor da família para o sucesso na alfabetização, seu engajamento e sua responsabilidade nesse processo determinarão em grande parte suas condutas no cotidiano com os filhos, permitindo a esses adultos a identificação de situações promissoras para a aprendizagem da leitura e da escrita da criança (Di Nucci, 1997).
Todavia, enxergar a potencialidade de diferentes ocasiões, tais como leitura de rótulos e preços de supermercado, discussões a partir de programas de TV e, naturalmente, uso de livros, revistas e outros impressos do cotidiano da criança, só acontecerá se os pais (e, eventualmente, os demais membros da família) tiverem a convicção de que tais interações são efetivamente contribuidoras para a aprendizagem da leitura e da escrita. Além disso, não basta identificar tais situações, mas perceber que a responsabilidade de promovê-las é também da família.
Atualmente, há um crescente reconhecimento nas teorias do desenvolvimento, educacional e sociológica de que escola e pais são instituições fundamentais na socialização e educação da criança. Parece que os pais estão buscando uma participação mais efetiva na aprendizagem de seus filhos, assumindo o papel de mediadores entre a bagagem familiar que a criança carrega e a realidade escolar (Grolnick e Slowiaczek, 1994).
Apesar de alguns pais mostrarem interesse na aprendizagem dos filhos, parece ser difícil assumir esse papel. É preciso refletir melhor sobre essa dificuldade e respeitar o interesse dos pais bem como suas ansiedades e angústias como educadores (Althuon, Essle e Stoeber, 1996). Segundo essas mesmas autoras, existe pouca bibliografia que trata especificamente de trabalho com pais na escola, embora seja fundamental essa interação para a aprendizagem da criança. Parece ser difícil e pouco explorada em nossa realidade a parceria entre pais e escola, o que acaba despertando nos pais mais interessados algumas curiosidades em relação à alfabetização de seus filhos e também algumas dificuldades para participar mais efetivamente desse processo.
A rigor, a parceria entre pais e escola parece ser uma via de acesso para esclarecer essas dúvidas e satisfazer essas curiosidades. De acordo com a realidade observada, a busca pela integração entre pais e escola tem caminhado bastante. Por outro lado, essa integração tem esbarrado em alguns obstáculos encontrados na diferença de concepções de alfabetização entre pais e escola. Essa diferença aparece como um dos principais obstáculos para o engajamento dos pais na alfabetização de seus filhos, o que motivou este estudo cujo objetivo foi realizar um levantamento de dados referentes aos interesses e às dificuldades dos pais em relação à participação na alfabetização de seus filhos e à disponibilidade de tempo em participar efetivamente desse processo.
Conclusões
A partir da análise dos dados obtidos no presente estudo pode-se concluir que:
1. a maioria dos pais mesmo com restrições demonstra disponibilidade para participar em casa e em parceria com a escola, para se engajar na alfabetização de seus filhos.
2. há demonstração de interesse dos pais em obter informações para participarem mais efetivamente da alfabetização de seus filhos.
3. os pais parecem estar mais conscientes da parceria com a escola.
4. os interesses dos pais parecem estar voltados, principalmente, para a organização do cotidiano para a aprendizagem da criança; para a evolução da escrita da criança; e para os métodos de alfabetização.
5. as dúvidas dos pais parecem estar relacionadas às condutas diante de erros e dúvidas das crianças; melhor forma de orientar a criança na aprendizagem, principalmente na lição de casa.
De acordo com Di Nucci (1997), a concepção de alfabetização dos pais está relacionada ao método de alfabetização, o que implica a orientação quanto à aprendizagem da criança através do método adotado pela escola bem como a participação dos pais na prática nos contextos familiar e escolar. O discurso dos pais revela uma prática superficial e pouco efetiva que pode ser conseqüência da falta de informações e do pequeno espaço aberto pelas escolas.
Parece que os resultados obtidos neste estudo revelam a necessidade de se estruturar efetivamente a relação pais-escola através de espaços ainda não conquistados que possibilitem o esclarecimento de dúvidas dos pais e a orientação dos mesmos em parceria com a escola na alfabetização das crianças.
Para quem quiser saber mais sobre esta pesquisa é só acessar o link abaixo:
Fonte:http://scielo.bvs-psi.org.br/scielo.php?pid=S1413-85571997000100003&script=sci_arttext
Abraços!!
Fernanda, muito boa esta relação que você estabeleceu com este artigo! Você poderia ter realizado um resumo do mesmo, pois a postagem ficou muito longa, ou então, você poderia ter colocado apenas o link para quem quiser acessar o texto em sua totalidade... De qualquer forma, apresentar materiais complementares é fundamental.
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