sábado, 11 de julho de 2009

Exercício reflexivo

Esta postagem está voltada para a atividade passada pelo Professor Ivan na aula do dia 12/05, referente ao texto "Oralidade e escrita". As questões trabalhadas com relação a este foram estruturadas na forma de texto reflexivo, o qual será exposto abaixo:

A organização da fala e da escrita e as características do texto falado

Atividade conversacional caracteriza-se pela interação entre os interlocutores, ou seja, exemplificado pelo cotidiano do indivíduo. Neste contexto, a língua falada é contextualizada de acordo com o grupo que o indivíduo se relaciona, como, por exemplo, uma conversa de futebol em um bar e/ou um diálogo entre colegas de trabalho discorrendo sobre assuntos profissionais. Caracteriza-se também de forma organizada onde há um processo de organização e estrutura entre os turnos. As regras são diferentes, porém, num momento de descontração os termos são outros e numa conversa mais formal é preciso utilizar conectivos para “provar” o que está sendo exemplificado naquele momento. Mesmo assim, o discurso oral torna-se diferente da língua escrita.
Segundo Shelegoff a conversação tem três elementos fundamentais: a realização, a interação e a organização. A realização, ou seja, a produção trata-se do início da comunicabilidade entre os interlocutores, a interação é a interferência do interlocutor no assunto e a organização é a forma de como é construído o discurso. A importância desses conceitos é de suma importância para a aquisição da oralidade na criança, pois as mesmas precisam iniciar uma conversa, interagir com outras pessoas e organizar seu pensamento.
quando é condutor do diálogo, passivo alvo e/ou O modelo organizacional em que consistem as variáveis que compõe o modelo de organização conversacional, que o autor propõe sobre conversas espontâneas valoriza as seguintes variações: tópico ou assunto, tipo de situação, papéis dos participantes, modo e meio de discurso. Segundo as autoras, tópico ou assunto é caracterizado pela manutenção das relações sociais só será possível se a escolha dos tópicos de assuntos for espontâneas, ou seja, for gosto dos interlocutores.. A situação é quando a comunicabilidade é influenciada pelas atividades não verbais. Em outras palavras, a atmosfera dá sinais de postura disposição do interlocutor. Em última instância, a comunicabilidade nas relações sociais é em uma medida significativacircunstancial. Os papéis dos participantes podem desempenhar em diferentes situações, ativosobjeto do discurso e mediador, quando intervém tanto no pólo ativo e passivo no diálogo. O modo existe para um modelo específico, isto é, um propósito tendo, ou não, um grau de formalidade. Em relação ao meio, é correspondente aos diferentes graus de comunicação: telefone, internet e outros.

Cada uma das características do texto falado, segundo a proposta de Dittman (1979).

a) Interação entre pelo menos dois falantes: Pode ser caracterizada por uma conversa formal, exemplificada no texto por um diálogo entre médico e paciente. O interesse entre o médico e o paciente é identificar e curar a doença, sendo assim, não há identificação da doença, nem a prescrição farmacológica sem a participação do suposto doente.
b) Ocorrência de pelo menos uma troca de falantes: significa a troca do interlocutor, ou seja há substituição em uma dos falantes. Ou em uma conversa por telefone sobre a reclamação de um serviço prestado ao indivíduo.
c) Presença de uma seqüência de ações coordenadas: É caracterizada por uma seqüência de instrução para operar um determinado aparelho. Quando um interlocutor dá instruções de como funciona este aparelho, é dado uma seqüência de ações coordenadas de explicações ao interlocutor.
d) Execução num determinado tempo: Um trabalho apresentado em que um professor delimita o tempo em que o aluno deve dissertar sobre determinado assunto. O interlocutor dispõe de um tempo para executar suas ações.
e) Envolvimento numa interação centrada: Pode ser caracterizada por uma palestra onde precisa de uma concentração e utiliza-se um discurso formal. Uma ação assistemática, o interlocutor é o mediador do diálogo, onde o vocabulário precisa ser diferenciado por conta da ocasião.


Níveis de estruturação da fala


A fala estrutura-se em dois níveis: o global e o local. O primeiro estabelece uma condição para a resposta, obedecendo a regras de organização da fala, referente à organização do tópico discursivo, e utiliza advérbios e conjunções. O segundo nível se estabelece por meio de turnos. Ou seja, enquanto um locutor está com a palavra o outro “age” como ouvinte até que tenha a oportunidade de ser o falante. Podem ocorrer intervenções.

Para esclarecer melhor, observe os exemplos:


NÍVEL GLOBAL: Duas crianças ao se conhecerem no 1º dia de aula:

L1 Oi! Meu nome é Clara. Como você se chama?

L2 Me chamo Gabriela. E quem te trouxe pra escola?

L1 Eu vim com meus pais. E você?

L2 Meu irmão me trouxe.

NÍVEL LOCAL: Três meninas falando sobre suas bonecas.

L1 a minha boneca é mais bonita que a sua

L2 mas a minha dá pra colorir o cabelo dela

L3 é... a minha é igual a dela

Estruturação do texto falado

Como todo texto, o texto falado possui em sua estrutura um elemento fundamental para sua compreensão: a coesão. Neste tipo de texto ela pode apresentar-se de três formas: coesão referencial, a qual ocorre quando um locutor, em sua fala, provoca a repetição lexical. Ou seja, ele repete termos sucessivamente, pois não encontra palavras que possa utilizar para continuar o turno; coesão recorrencial, a qual ocorre quando um locutor diz o mesmo em outras palavras (paráfrase); e a coesão seqüencial, na qual um locutor emprega um conector diversas vezes seguidas no texto falado, mas com funções diferentes.

Além disso, o texto falado conta com elementos básicos, sendo eles: o turno, o tópico discursivo, os marcadores conversacionais e o par adjacente. Observe as explicações:

Turno – qualquer intervenção feita pelos interlocutores, fazendo-os alternar os papéis de falante e ouvinte. Segundo Sacks, Schegloff & Jefferson (1974:701-702) a conversação tem que mostrar algumas propriedades, tais como: em cada turno, fala um de cada vez; transições de um turno a outro sem intervalo e sem sobreposição são comuns, longas pausas e sobreposições extensas são minoria; a ordem e o tamanho dos turnos são variáveis; são usadas técnicas de atribuição de turnos, dentre outros.

Tópico discursivo - tema abordado na atividade conversacional. A partir dele, os interlocutores interagem sobre o mesmo assunto, concordando, discordando ou agindo de outra forma. Assim, é explorada uma propriedade: a centração. Além dessa, existe a organicidade, na qual o tópico se define em dois planos: sequencial - distribuição linear ou horizontal - e hierárquica – distribuição vertical. E por fim, tem a delimitação local, onde o tópico é marcado por início, desenvolvimento e fecho.

Marcadores conversacionais - no processo de interação da fala ele sindicam os elementos verbais (palavras, sintagmas, expressões estereotipadas), prosódicos (entonações) e paralinguísticos (gestos físicos).

Par adjacente – são pares existentes em uma conversação, como: pergunta-resposta, convite-aceitação ou recusa, pedido-concordância ou recusa, saudação-saudação.

Todas essas explicações dadas aqui são, ao mesmo tempo, importantes e interessantes para a compreensão estrutural, tanto do texto falado quanto do texto escrito. Esperamos que esta exposição venha a ajudar.

Gratas pela atenção,

Alessandra e Fernanda.





Um comentário:

  1. Fernanda, o texto-síntese ficou muito bom! Parabéns! Espero que esta atividade tenha contribuído para o seu conhecimento!

    ResponderExcluir